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A Liderança Empreendedora - Alguns enganos que precisam ser desfeitos



Com esta definição temos um ponto de partida para compreender melhor o significado da liderança, porém ainda resta uma série de mal-entendidos que de tão repetidos parecem verdades. Estes são alguns deles.

LIDERANÇA E GESTÃO


Você provavelmente já viu tabelas assim:


Não se deixe enganar. A liderança encanta, a ponto de a gerência ser vista como uma coisa menor. Ninguém mais parece interessado em ser um bom gestor; todos querem ser grandes líderes.


Se repararmos publicações atuais do mundo dos negócios, veremos que a palavra gerência praticamente desapareceu. Só se fala em líderes, porém a oposição entre gerência e liderança é perigosa.


Pense numa caravana do velho oeste ... pessoas com espírito de liderança eram capazes de convencer pacatos cidadãos a se envolverem na aventura insana, atravessando os Estados Unidos de costa a costa, entre desertos e índios hostis, em busca do ouro da Califórnia.


Entretanto, ao chegar lá, todos dependiam de gente com capacidade gerencial para organizar as vilas, construir casas, providenciar suprimentos, manter a ordem, e fazer com que o novo mundo funcionasse.


Da mesma forma que a gestão sem liderança pode induzir ao conservadorismo e à acomodação que apequena a vida, uma liderança sem gestão tende a produzir comportamentos temerários, e uma vaidade inconsequente.


Este texto ajuda a colocar as coisas no lugar:


“Se a liderança evoca o gênio criativo, ela só é eficaz porque está indissociavelmente ligada à gestão. Como tudo mais, a liderança tem que funcionar no dia-a-dia. A grandeza da liderança é como um telhado que se apoia numa estrutura sólida de gestão” –Nikos Mourkogiannis. (17)


A capacidade de liderança e a capacidade de gestão são como yin e yang, ou dois lados da mesma moeda. Há o predomínio da liderança, quando os desafios pedem que deixemos a passividade de lado, mesmo às custas do conforto e da previsibilidade; e há o predomínio da gestão, quando somos obrigados a cuidar da eficiência, ainda que isso possa parecer pouco criativo e inovador.


Portanto, sempre que alguém aparecer à sua frente com essas comparações mal informadas entre líderes e gestores, apenas sorria. Eles não sabem o que dizem.

LIDERANÇA E POSIÇÃO DE LIDERANÇA


Liderança e posição de liderança são coisas parecidas, mas não iguais.


Posição de liderança é uma situação em que, pela autoridade hierárquica, somos obrigados a enfrentar desafios complexos.


Todo Presidente da República ou executivo de empresa ocupa uma posição de liderança. Porém isso não significa que tenham capacidade e/ou vontade para liderar de fato – ou seja, para exercer a liderança.


Eles podem simplesmente decidir que, diante dos desafios que têm pela frente, faz mais sentido recorrer a outros métodos que não a mudança da forma de pensar e agir das pessoas.


Quanto à capacidade, em todas as esferas públicas e privadas, há pessoas que ocupam posições de liderança, entretanto se revelam incapazes de mudar o comportamento das pessoas por mais que se esforcem.


Outras mais, alçadas a posições de liderança, têm capacidade reconhecida de liderar, porém naquele momento carecem da vontade para enfrentar o ônus pessoal, profissional e político de se expor.


O contrário também é verdadeiro. Não é preciso estar numa posição de liderança para agir como líder. Todos nós conhecemos pessoas que, com pouca ou nenhuma autoridade formal, harmonizam problemas familiares, trazem inovação para as organizações, coordenam campanhas espontâneas, e muito mais.


LIDERANÇA E ESCOLARIDADE


Inexiste correlação entre liderança e nível educacional. Até porque liderança não se aprende na escola. A menos que acreditemos que liderança é um diploma fornecido após alguns meses ou anos de estudo.


Há líderes entre tribos indígenas, favelas, e todos os locais onde pessoas vivam juntas. Alguns desses líderes são infinitamente mais competentes do que outros teoricamente melhor “preparados”. Outros são incompetentes. Mas nada disso tem a ver com escolaridade.


Por outro lado, quando a liderança é exercida dentro de uma área de conhecimento, a análise muda. Sem competência específica, reconhecida pelos pares, ninguém será capaz de liderar. As exigências são outras. O processo também.


Faz sentido dizermos que, embora não pressuponha escolaridade nem formação, para que seja exercida com efetividade a liderança pode e deve ser desenvolvida.


Há lideres que demonstram uma enorme capacidade de autodesenvolvimento, outros que se beneficiam de programas formais voltados para o reforço de seus pontos fortes e atenuação de seus pontos fracos.


O caminho escolhido importa pouco contanto que, a partir de características individuais herdadas ou adquiridas (o “talento” de liderança), o líder esteja à altura do tamanho dos desafios que escolheu ou foi levado a enfrentar.



SER LÍDER VERSUS ESTAR LÍDER


São poucos os consensos entre os estudiosos da liderança, porém um deles certamente é o fato de que a liderança é situacional.


No idioma espanhol, diz-se “estoy casado” em vez de “soy casado”. É um estado (estar) e não uma essência (ser). Caso contrário, separações e divórcios não poderiam existir.


Em português, não falamos assim. Dizemos “sou casado” em vez de “estou casado”. Do mesmo modo, dizemos “sou líder” quando deveríamos dizer “estou líder”.


Com raríssimas exceções, ninguém é líder em tempo integral durante a vida inteira, para o que der e vier. Isso é coisa para as grandes lideranças míticas da humanidade.


Um líder reconhecido numa especialidade de pesquisa científica provavelmente fracassaria diante de um desafio político, já que as capacidades necessárias são radicalmente distintas. Ou seja, existe um domínio de efetividade dentro do qual desenvolvemos e exercemos a nossa liderança, e fora do qual não teríamos as competências certas, ainda que a vontade seja grande.


Tampouco exercemos a liderança continuamente. Nem tudo o que temos diante de nós são desafios complexos que exigem mudar a forma de pensar e agir das pessoas. Por isso, vale pensar na liderança como um chapéu que colocamos na cabeça, ou uma roupa que vestimos para ocasiões especiais, quando a situação assim exige.


Por isso se diz que a liderança é situacional. Devemos estar dispostos e preparados para liderar em determinadas circunstâncias que buscamos intencionalmente, ou nas quais somos colocados, sabendo que mais dia menos dia retornaremos à nossa vida “normal”, até que surja (ou não) alguma outra circunstância que nos leve a lutar para mudar a forma de pensar e agir das pessoas.


Fora isso, somos cidadãos comuns.



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Abordaremos sobre Liderança durante esse mês, trazendo para reflexão um dos artigos de Fernando Ximenes. E você que nos lê, está convidado a deixar aqui sua opinião e eventuais dúvidas.


Gostou do artigo? Divulgue para mais pessoas, vamos compartilhar conhecimento!




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