O generalista se espalha e pensa o todo, o especialista cava fundo sem notícias do logo ali ao lado. Já o especialista-generalista, conhecido como T-shaped, reúne as duas características.
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Pausa rápida para uma história:
Kepler (1571-1630) já tinha notícia de que o Sol estava no centro de nosso sistema, mas o circuito de planetas em torno dele tinha uma matemática estranha, as contas não batiam, as órbitas não pareciam circulares.
Passou anos atrás de um esquema geral que explicasse o sistema solar – e, partindo sempre de um pensamento sistêmico, não obtinha nenhum resultado.
Para obter mais dados sobre os planetas, teve de ir trabalhar para o grande astrônomo da época, Tycho Brahe, que desdenhou de sua ambição generalista e o obrigou a cavar um poço:
— Concentre-se apenas em Marte, especialize-se nele.
E daí veio a descoberta de que as órbitas são elípticas, não apenas a de Marte, como a de todos os planetas do sistema solar.
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Quer ser um T-shaped? Ótimo. Então que tal cavar uma especialização?
Nunca foi tão possível 'conectar pontos', isto é, estabelecer pontes entre campos de conhecimento distintos. Contudo, o perigo desse deslizamento horizontal é a perda do mergulho vertical em determinado assunto – falta aprofundamento –, e a baixa consistência dos discursos é um dos piores impactos que a atualidade digital tem a nos oferecer.
Uma boa definição de lifelong learner hoje: alguém capaz de alternar investigações para variados lados e, pelo menos uma, para bem lá embaixo :)
Por Haendel Motta
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