Futuro próximo. Passado o encanto dos títulos com palavrões, o sucesso relâmpago de Não me leia surpreende o mercado.
O livro examina a desobediência do cérebro, incapaz de entender Não onde está escrito Não.
Seu autor, um palestrante versado em contar que 'Não põe isso na boca' era o mesmo que mandar a criança pôr, resolve se valer daquela verdade com um título tanto óbvio quanto desafiador.
O mercado editorial entra em reboliço. Para espanto dos que achavam o truque manjado, um espetáculo de títulos 'neurodesobedientes' começa a pipocar pelas livrarias, numa espécie de No is the new Fuck: Esse livro não!, #DontFollowMe, O livro que não abre, Não fique rico, entre outros.
A ciência douta e reservada a seus chatíssimos periódicos reage com indignação, refutando o neuromito da desobediência com seus muitos não é bem assim – fazendo, claro, a cada tentativa, aumentar as vendas de Não me leia até elevá-lo, com outros a reboque, ao topo das listas.
Agitaram-se também os praticantes da linguagem positiva, com postagens de repúdio aos No books correndo velozes pelas redes – se bem que os lessem também, em segredo.
Fato é que naqueles livros havia ciência, não propriamente neuroalgumacoisa, mas a que examina fenômenos sociais: coisas acontecem, e certas febres de manada, nada mais que isso, eram como flores de hoje, amanhã outras conforme a Terra gira :)
Por Haendel Motta
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