Quando falamos sobre nossa ignorância, normalmente o papo pula rápido para o "Só sei que nada sei" de Sócrates – como se não fosse possível saber nada, o que não é bem assim.
Estar advertido sobre os limites do conhecimento é uma coisa, defender a ignorância 'já que não dá mesmo pra saber tudo', outra.
E a ciência é assim: conclui o que pode, mantendo a hipótese daquilo estar furado ao alcance da visão.
Isso é saber ignorar. Algo bem mais próximo de Sócrates, cujo ensino lembra a metáfora de uma ilha de conhecimento que, quanto mais cresce, mais amplia as margens que tocam no oceano do que ignora.
Taleb aborda isso no Cisne Negro, dizendo que quanto mais cresce nossa biblioteca (tudo o que pudemos ler), maior fica nossa antibiblioteca (tudo o que ainda teríamos para ler).
Agora ajeite-se na cadeira: a tal frase "Só sei que nada sei" não consta em nenhum texto grego antigo que se tem notícia... Pesquisar é assim.
Confesso que me angustia um pouco o fato de que, hoje, qualquer palestrante possa citar qualquer frase de qualquer autor num slide sem se dar ao trabalho de pesquisar a veracidade da fonte.
Eu, pelo menos, procuro correr disso.
E sigo de olho naquele ditado: é preciso seguir os que buscam o conhecimento, mas desconfiar daqueles que afirmam que o encontraram :)
Por Haendel Motta
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