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"Entenda, não memorize"


Não gosto de listas de hábitos ou dicas comportamentais. Primeiro, porque quando estou no quinto item da lista já não faço ideia do que havia no primeiro, rs; segundo, porque o perigo envolvido aí é entender que tudo não passa de uma dieta comportamental.


'Um líder deve fazer assim assado'; 'empatia é olhar nos olhos'; 'escuta ativa é repetir o que acabou de ouvir'... Um ciclo de comportamentos artificiais em modo copiar-colar pode ter início aí.


As chamadas psicologias do comportamento, em geral, tendem a chapar em duas dimensões a multidimensional subjetividade humana.


Quando fomentamos uma interpretação própria sobre como fazer as coisas, isso pode acabar gerando, em consequência, comportamentos originais. Outra coisa é a pessoa acreditar que bastam modelagens 'de fora pra dentro' – e se não der certo foi falta de comprometimento em cumprir a lista.


"Entenda, não memorize" – leve a sério essa máxima de Richard Feynman.


Por isso prefiro algo que me conduza a um entendimento (às vezes, apenas a um sentimento).


Quando um bom texto termina – mesmo que sem qualquer 'dica prática' –, sinto uma reformulação indireta sobre o modo de ver determinado assunto, ainda que não consiga rememorar cada um dos passos que me conduziram até ali.


Ao me esforçar para entender, algo se incorpora em mim em estado vivo; ao me esforçar para decorar, algo se instala em mim em estado morto :)



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