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SKILLS 4.0


Sim, hard skills importam muitíssimo, demonstram a consistência de sua formação.


Já a forma como você opera suas ferramentas – se com originalidade, senso crítico, empatia, liderança – revela suas soft skills.


É muito conhecido esse top 10 skills elencado pelo Fórum Econômico Mudial:


Todos concordam que hard e soft skills se complementam, mas no mundo 4.0 não haveria um terceiro eixo de habilidades necessárias? Arriscaria dizer quais são?


Digital skills: intimidade com as novas tecnologias.


Veja, você não precisa se tornar um programador, mas daí a não ser um usuário digital habilidoso (ainda mais agora, com a aceleração provocada pela pandemia).


Respeite seus potenciais e limitações. Não se cobre um igual peso nas três esferas de skills, mas preste atenção: não negligencie nenhuma por completo.

Hard. Soft. Digital.


"As máquinas vão roubar nosso emprego!" – não, aqueles capazes de extrair o melhor delas, ou se tornar imprescindíveis no que elas não podem fazer, é que irão.


Habilidades digitais essenciais

Ganhei de um especialista a formidável lista abaixo, de 'habilidades digitais essenciais' (que não ouso traduzir).


Os exemplos aqui só pincelam, não esgotam a lista, e focam no básico do dia a dia:

– Então, o hd pifou e foi junto aquele arquivo...


– O quê? Já ouviu falar em nuvem?


– Recebo mil coisas todo dia...


– Separe 'ruído' de 'sinal' customizando suas notificações e bloqueando o que não interessa.


– Mas isso me isola numa bolha!


– Suporte seu FOMO e, sim, mantenha ativo alguns inputs dissonantes.


– Que montagem legal! Pegou onde?


– Eu que fiz.


– Queria aquele trecho da cena pra postar.


– Em mp4 ou gif? Faço pra você.


– Socorro, aquela live teve 90 minutos de jogo e só 15 de bola rolando...


– Assisti outra feita em três redes simultâneas, e a pessoa em 30min deu o recado.


– Não aceita cartão... te transfiro agora e envio o comprovante por email, pode ser?


– Cuidado com o que posta, as redes têm olhos, ouvidos e memória longa.


– Não clique em tudo que aparece sem avaliar antes.


E por aí vai...


Carreira e anticarreira


Se, antes, carreiras pareciam seguir um curso linear – estudei por x anos, agora é exercer minha profissão por outros x e depois me aposentar –, sabemos que isso foi mudando de uns tempos pra cá.


Hoje a perspectiva é de atualização contínua e planos em mais de uma frente de batalha.


E como isso funciona na prática?


Bem, pra começar, não ocupe mais o tempo integral de sua jornada exercendo o que já sabe fazer – instaure uma cultura de formação contínua.


E para a vida toda: lifelong learning.


Se sua empresa ainda não favorece isso, se antecipe, cave-a por você mesmo.


Abra espaço diário para leitura (escreva textos também), assista a palestras, podcasts, inscreva-se em cursos – a pandemia catapultou o ensino à distância, beneficie-se disso.


Diversifique seus investimentos de tempo e também os alterne entre estudo e prática – claro, movido pelo que te atrai fazer.


A questão é que na dinâmica incerta do mundo 4.0 seu campo de atuação pode desaguar de repente em outro, e depois outra vez... – o que exigirá maior desprendimento e capacidade de adaptação do que nunca.


Joseph Teperman tem um livrão sobre isso, o conceitual Anticarreira.


Já Nailor Marques Jr sacramenta:


Não existem mais formados, estamos todos em formação.

Profissional T


Já ouviu falar em profissional T-shaped? Se detesta anglicismos (mania de usar termos em inglês), profissional em forma de T?


No mundo 4.0 interessa o profissional capaz de navegar horizontalmente por áreas diversas sem, no entanto, perder a capacidade de mergulho vertical em pelo menos uma.


Isso lembra um T:

  • generalista: espelho de água de grande superfície, dois dedos de profundidade em cada assunto;

  • especialista: poço fundo de água útil, sem notícias do logo ali ao lado;

  • especialista-generalista: espelho de água com um poço no meio.

Tem vantagem competitiva hoje o especialista-generalista que, como visto antes, alterna prática e estudo em escavações para o lado e para baixo.


Ufa! Bem-vindo ao mundo 4.0.


Conseguindo, você pode também abrir outros poços, transformando o T em π, ou em 'm', ou num pente!


Mas vá com calma, saboreie o caminho movido não por ambições externas, mas por significado e flow.


Como disse Millôr Fernandes, quem se mata de trabalhar merece mesmo morrer, rs.


As três esferas


Vamos passear na figura acima de olho nas interseções entre apenas duas esferas:

  • hard skills consistentes e boas habilidades intra e interpessoais, mas... nada além do básico com ferramentas digitais;

  • domínio de hard skills associado a excepcional trânsito por ferramentas digitais, mas... um cavalo em tato social, baixa intuição e criatividade, universo emocional pouco explorado e instável;

  • habilidade digital formidável e uma simpatia só, nas redes, no trabalho, no happy hour, flexível, empático, generoso, mas... cadê a formação? Diplomas foscos ou incompletos, incapaz de passar da página 2 ao discorrer sobre qualquer tema.


Como dito antes, temos que respeitar nossos potenciais e limitações, sem nos cobrar um igual peso nas três esferas de skills. Contudo, dos tipos de carência descritos acima, o que mais me preocupa é o terceiro – hard skills.


A velocidade 4.0 parece um impedimento para mergulhos mais profundos – e como os mundos não se substituem, apenas se sobrepõem, manter os olhos no antigo mundo 1.0 também importa muito.


Criar raízes em algo, permanecer até o fim antes de trocar de canal.


O espírito multi-task têm produzido profissionais aparentemente completos, interessantes apenas na superfície dos perfis.


Não seja um deles.


Espero ter ajudado. Sucesso nesse novo (e ao mesmo tempo velho) mundo.


E obrigado por ter lido até aqui :)



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