Uma forma de entendermos como a tecnologia influencia a nossa realidade e comportamento é avaliarmos os óculos
- CEU
- 16 de mai.
- 2 min de leitura

Óculos de grau corrigem seus problemas de visão como miopia, astigmatismo e presbiopia. Já os óculos escuros e os polarizados diminuem respectivamente a intensidade e reflexos da luz. Alguns mais especializados filtram determinadas faixas de luz para prevenir danos.
Intencionalidade e utilidade são conceitos distintos. Utilidade é sobre aspectos funcionais, enquanto intencionalidade é sobre experiência. A utilidade dos óculos de grau é corrigir funções visuais, e a intencionalidade é intermediar sua percepção do mundo ao seu redor.
Em outras palavras você percebe a realidade através de suas lentes, porém não "vê" as lentes em si. Se tornam parte do seu corpo e por questões óbvias criam uma relação de dependência.
Agora vejamos: se as lentes tiverem pouca qualidade causarão distorções. Coisas podem ficar mais próximas ou distantes artificialmente, sua visão periférica se torna mais limitada e seu ponto focal fica restrito. Sujas ou arranhadas, elas te atrapalham.
Onde quero chegar com isso? Deixar claro a diferença entre utilidade e intencionalidade, e ambas estão presentes até nas tecnologias mais mundanas. A intencionalidade não se encerra em como você usa a tecnologia: isso inclui a de quem a embutiu no que criou.
É óbvio que você quer vender e usará todos os argumentos positivos e ganchos psicológicos para isso. Faz parte. Mas deixar a transparência para algum parágrafo obscuro do termo de garantia ou política de privacidade, ou sequer se preocupar com a ética, você estará manipulando o cliente e isso é diferente de persuadir ou influenciar a decisão.
Estabelecer processos éticos no design do seu produto ou serviço e deixá-los transparentes ao cliente não atrapalha sua venda. Isso a potencializa pois além de resolver um problema do cliente ele também percebe seu respeito, sua responsabilidade e cria uma relação de confiança. E essa, uma vez estabelecida, fará seu cliente resistir muito em deixar de fazer negócio com você.
Ética e responsabilidade são diferenciadores e alavancadores de negócios, não detratores.
A tecnologia não é boa, nem má, mas também não é neutra. Avaliar tecnologia e humanos em separado é limitante. A análise deve ser feita no híbrido e nos incentivos que nascem dos dois juntos.
Por Ricardo Costa
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